coração

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Quanto vale uma criança?


"Quanto vale uma criança? Ainda mais se for "de cor", ou indiazinha...(lá dos cafundós daquele outro planeta onde tem índio...) quanto vale uma criança do perdido semi- árido nordestino, ou aquelas, forçadas pela miséria à trabalho escravo nos rincões desse país, aqueles que nem se sabe para que lado fica?
Difícil...geografia é complicado, tudo bem.
Informação também...tem tanta, mas para quê? Se tanto faz...
Pois não chegue tão longe não...
Quanto vale o menininho de pé no chão, que passa o dia empinando pipa?
Aí, na rua detrás de tua casa mesmo.
E aquele que bate no vidro fechado do teu carro pedindo um trocado?
Quanto vale o meu e o teu medo deles?
Menininho de sete anos, que nos horroriza, pior que assombração.
Quanto vale o futuro dessas criaturinhas?
Futuro que pouco difere do presente, ou seja...
Quanto vale que lhes tenha sido negado um futuro?
Uma oportunidade de não ser visto como ameaça...
O tal Brasil desenvolvido, Brasil inclusivo, Brasil de oportunidades, de "primeiro mundo"...pátria mãe...mãe de quem? Quanto tem dado por esses meninos e meninas, fruto raro dessa terra?
Quanto vale o choro dessas almas santas?
Quanto vale seu desencaminhado existir?
O que tem sido desses anjos? Só Deus sabe né? Ele deve saber.
Esses filhos de Deus tal e qual o teu.
Valem um estádio de futebol...
Uma hidrelétrica...
Umas cabeças de gado...
Umas toras boas, de alto valor no mercado...
Uma multinacional mega, ultra milionária?
Vale isso tudo aí um serzinho desse, que à vista da maioria não é ninguém?
Às vezes não tem nem registro né? É nada perante a lei.
Lei...tem lei para quem, segundo a lei, não existe?
Deve valer nada não.
E aí, no teu íntimo?
Nas tuas entranhas...naquele negócio inexplicável que chamam de consciência...
Quanto vale essa pessoa?
Quanto daria tu?
Não há que se assustar se te disser...
Coisa inédita, coisa impensável! Parece até desaforo!
Mas já terá passado por nossas cabeças, que gente não tenha preço?
E se chega a se vender, só recebe o custo do desespero.
Porque gente não tem preço.
Vida? Vida não tem preço. Seja que vida for.
Portanto, de equívocos vivemos.
E padecemos, amargamente...
Pálidos de amor.
E sem saber o porquê.
Sem entender que esse mal nos acometeu, quando pusemos preço em tudo.
E como já é assim mesmo...
Dá preguiça de descruzar os braços.
Tédio de desenferrujar a mente.
Chato ter que amar em prática.
Dá trabalho demais ter culpa né? Cansa ser responsável.
Mas se der uma coragenzinha, levanta.
Levanta e pensa onde podes agir.
Como podes agir.
Pensa em agir! Porque nos querem assim como estamos...estáticos. Assim está ótimo para todo mundo que costuma a botar preço na gente.
Ao menos para o teu filho, se orgulhar de ti.
De ter tido pai e mãe...
Que lhe deram mais que um código de barras na testa."

(Gi Stadnicki - Tirado da linda página de 
Waldemar Zambello)

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